Dividendo sai do preço da ação mas não reduz participação na empresa

Se você tem 100 ações de uma empresa a R$ 1,00 cada, então você tem R$ 100,00, a empresa paga 0,10 de dividendo, agora você tem R$ 90,00, por que empresa distribuiu R$ 10,00 do seu valor, mas ainda tem 100 ações significa que quando a empresa gerar novo lucro no ano que vem e for igual ao desse ano, e com a mesma distribuição, você vai receber R$ 0,10 por ação novamente totalizando R$ 10,00, por que você continua com a mesma participação na empresa, assim como todo crescimento futuro de lucro e das ações você usufruirá igualmente, diferente de quem tinha 100 ações e vendeu 10 para ter os mesmo R$ 10,00, esse não tem a mesma participação e não usufruirá de todo o crescimento futuro, se empresa pagar dividendo no próximo ano receberá apenas R$ 9,00.

Edit: A comparação aqui não é que dividendo não sai do valor da empresa e sim a comparação de alguem já aposentado que vive de renda e tem que vender uma ação da empresa e perder parte de sua participação, contra outro que só recebe o dividendo ou pedaço da empresa mas permanece com a mesma participação.

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Concordo em partes: quem tinha 100 e vendeu 10 agora tem menos, mas de uma empresa maior… por outro lado, quem vende esta mais sujeito a quanto o mercado quer pagar pela sua participacao.

Sim concordo, o problema da venda não é o presente, ele é automaticamente ajustado pelo mercado, o problema é a participação na empresa que diminuiu, sendo assim tem uma porcentagem menor do crescimento futuro da empresa, caso ele ocorra.

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Como o dividendo sai do caixa da empresa, em tese, o ajuste da cotação “ex” reflete, no final do dia, essa diminuição do caixa no EV da empresa. De fato, não existe almoço grátis.
A estratégia de dividendo serve mais para diluir o risco do acionista, que recebe uma parte do resultado da empresa para poder alocar onde quiser. Não fica preso à alocação de capital do controlador, às vezes bem sucedida, às vezes mal sucedida.

Mas o que eu gostaria de chamar a atenção, aqui, é para algumas ações que possuem natureza híbrida: ações + bonds.

São as chamadas ações com direitos a dividendos estatutários, desvinculados do resultado da empresa.

Alguns exemplos hoje disponíveis no mercado: PATI4, OIBR4, RPAD5 e ELET6.

Para ilustrar a grande vantagem nesse tipo de alocação, darei o exemplo da Panatlântica (PATI4), uma das quatro ações que compõe o meu portfólio.

A Panatlântica possui 24mi ações, mas apenas 1mi ações PN (PATI4), cujo pagamento de dividendos é atrelado ao patrimônio líquido. Assim, com ou sem lucro, a empresa precisa pagar uma remuneração a esses acionistas, correspondente a, no mínimo, 6% do valor do patrimônio líquido, todos os anos.

Só que esse valor pago anualmente aos preferencialistas é irrelevante para a empresa, pois são muito poucas essas ações. Então, praticamente não afeta o caixa da empresa. No ano passado, por exemplo, a empresa gerou R$100mi de caixa, mas o lucro foi de apenas R$13mi. Para atender aos preferencialistas, ela vai gastar apenas R$2mi, ou seja, praticamente nada.

Contudo, esse valor corresponde a R$2,10 por ação, o equivalente a 6,5% de yield sobre a cotação atual do papel. A parcela residual do lucro a ser distribuído aos acionistas, entre os ON (23mi ações), será de apenas R$0,04 por ação. Vejam a diferença.

Assim, a distribuição de dividendos em nada afeta o valuation da empresa para quem é detentor da preferencial. É um verdadeiro bond, um direito de crédito.

Por outro lado, quando a empresa tem um excelente ano, como ocorreu em 2021, em que o lucro foi de R$ 282mi no ano, todos os acionistas (ON e PN) receberam um valor de R$2,97 de dividendos por ação, inclusive os PN (pois o valor estatutário é o mínimo).

E essa dinâmica de dividendo estatutário serve como um forte amortecedor de queda para o papel e como um forte provedor de caixa para períodos de vacas magras, como o atual, em que o setor siderúrgico, cíclico, não passa por um bom momento.

Além disso, com o tempo, nosso yield cost, ou seja, o valor que o dividendo representa frente ao seu capital investido, vai ficando cada vez maior.

Com a distribuição anunciada ontem pela empresa (mais R$2,10), meu yield cost vai para 16,5% ao ano. Ou seja, descontados os dividendos, meu preço médio já está em R$13,00 e a empresa paga, religiosamente, R$2,10, pela correspondente participação no patrimônio líquido. Como a cotação, após ficar “ex”, vai para R$31,00, minha TIR no investimento (dividendo + ganho de capital) está excelente (PM de R$13,00, descontados dividendos, e cotação atual nos R$31,00)! Isso em um pouco mais de 4 anos.

Obviamente que o pagamento do dividendo estatutário depende da existência de reservas de dividendos, no caso da Pati4, hoje em R$381mi - ou seja, suficiente para pagar toda a geração dos meus filhos.

Mas, em razão dos dividendos estatutários, normalmente essas ações tem cotações mais elevadas que a ON, a exemplo da OIBR4, que vale 3x mais que a OIBR3 - ambas não pagam dividendos há muito tempo, possivelmente por ter patrimônio líquido negativo e por não terem reserva de lucro, mas, se um dia isso se reverter, a OIBR4 recebe 6% do valor correspondente à sua parcela do patrimônio líquido; e o mercado já precifica isso de um modo distinto da ON.

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Eu gostei da comparação dele com a vaca leiteira.
[FOCO NO DIVIDENDO! O DIVIDENDO É DESCONTANDO DO PREÇO DA AÇÃO MAS ISSO NÃO É UM PROBLEMA! (2024)

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A discussão contábil não me sensibiliza. Eu quero receber dividendos, por um motivo muito particular: o imprevisível.

Cenário 1: Digamos que você compre uma padaria, e ela não distribui dividendos. O negócio está crescendo e as ações se valorizam muito, mas nada de dividendos. Eis que, então, cai um meteoro em cima da padaria e destroi tudo. Você recebe um seguro patrimonial, mas que não cobre a valorização que a ação havia experimentado.

Cenário 2: Idêntico ao anterior, mas a padaria te pagou dividendos, ou seja, você recebeu uma remuneração pelo futuro imponderável.

Logicamente, há graduações entre esses dois cenários, e você pode ter empresas que não pagam durante um tempo, até crescerem, outras que não pagam nunca, mesmo que cresçam, e outras que pagam sempre, quer cresçam ou não.

Via de regra, prefiro receber dividendos, pois nunca sei se vai ter um meteoro.

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Eu também, mas por outro motivo (também relacionado a padaria).

Imagine que você tenha uma padaria. Se ela não pagar dividendos (e reinvestir todo lucro para crescer), você pode ser remunerado vendendo pequenas partes dela. Ou seja, você teria cada vez uma participação menor em um negócio cada vez maior (no final daria na mesma).

Porém, quando for vender (para se remunerar) você terá que ficar dependendo do bom humor do mercado para lhe pagar um valor justo sobre seu comércio. Imagina o dono de uma padaria, que vende pequenos pedaços dela todo mês, tendo que vender na época do COVID? (ele precisaria se desfazer de um pedaço bem maior da loja para poder receber o mesmo dinheiro…)

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