Sobre a reclassificação:
Domingos Falavina (J.P. Morgan) - Bom dia a todos. A minha dúvida é com relação a reclassificação da carteira de securities, são duas na verdade. A primeira é se existem implicações tributárias dessa reclassificação, ou seja, se o reconhecimento dessa perda nesse ano tem por efeito um imposto maior, algum tipo de benefício se esse mesmo ganho for reconhecido no futuro e a segunda parte da minha pergunta é: a gente sempre assume de que as coisas tendem a ser a net zero, então esses 2 bi de one-off de perda do bottom line um pouco acima do EBT, ele seria um ganho de receita financeira adicional nos próximos anos, né? Eu queria entender um pouco da média de duration, ou seja, vocês recebem esse hit upfront agora e aí tem o que, 2 anos, 1 bi a mais por ano de resultado positivo? Ou como é diferido ou reconhecido ao longo do tempo esse outro lado, digamos, da equação?
Octavio de Lazari Junior – Oi, Domingos, bom dia. Obrigado pela sua pergunta. Sim, deixa eu te esclarecer isso e depois o Oswaldo, do financeiro, pode complementar também. Esse movimento que nós fizemos foi justamente para podermos melhorar ou suavizar o ano de 2022, porque a taxa de juros estava lá em 2%, você tinha uma carteira girando em 2% e a taxa de juros foi para 12%, obviamente que isso vai refletir ao longo dos próximos 3 anos – 2022, 2023 e 2024 e um restinho vai para 2025. Isso não tem nenhum efeito tributário. Por favor, Oswaldo.
Oswaldo Tadeu Fernandes - Domingos, é Oswaldo. Tudo bom? Eu acho que o Octavio já respondeu bem aqui. Quer dizer, não teve nenhum efeito tributário dentro desse ano de 2021 como nos anos seguintes, também não tivemos nenhum benefício na margem com mercado em 2021. Até porque como o Otavio comentou nas outras respostas, regularmente a gente só pode fazer na finalização de balanço semestrais. Essas reclassificações, esses giros foram feitos em 30/12. E ao fazer essa operação, esse resultado que seria negativo nesses três anos seguintes, adiantamos agora para 2021. Então, sem dúvida eles não virão agora nesses anos seguintes.
O que entendi em bom português: o banco tinha títulos contratados a taxas muito baixas, o que é normal se tornar uma perda quando o BC sobe os juros. O FED até divulga esses dados como unrealized gains e é um número importante, pois se subirem demais os juros lá, quebram todo mundo, como estava acontecendo nos idos de 2018. O Bradesco decidiu remarcar uma parte desses títulos, limitar sua exposição e assumir a perda no ano em 2021. Então o título de 2% vira um título de 10% e você melhora um pouco o resultado nos anos seguintes, porque vai entrar como resultado de tesouraria e direto na DRE, ao invés de ficar como resultado abrangente. Pelo que entendi, foi isso.
Opinião pessoal: não vejo porque classificar como não recorrente, exceto se você descontar os benefícios futuros dessa reclassificação no seu resultado, o que não deve acontecer. De toda forma, não deixou de me parecer algo pontual.