Eu me debrucei sobre a empresa ultimamente, antes de mais nada devo dizer que gostei bastante do negócio. Acredito que o FeSi 75 seja o grande vetor de longo prazo para a empresa. Houve também uma movimentação antiga da empresa para a produção de silício metálico, que é um insumo utilizado na fabricação de módulos fotovoltáicos. Já o FeCr, com 65% de utilização da capacidade instalada há vários anos, me faz pensar que o único ponto positivo sejam as dificuldades enfrentadas pela África do Sul, conforme a entrevista algumas mensagens acima no tópico. Mas eu tenho alguns pontos de preocupação, que gostaria de externar:
1 - A vantagem do dólar me parece muito de curto prazo, vamos ter alguns anos com a margem bruta muito alta e depois a tendência seria um retorno até um dólar neutro e a longo prazo os custos de produção acompanhando mais ou menos a desvalorização cambial. Ou seja, a desvalorização do real não significa (ou não significou nos últimos 10 anos), um aumento progressivo das margens operacionais, acho que a conta fica no zero a zero, com exceção dos próximos 2 ou 3 anos. Mas é evidente que isso representa um risco incontrolável, ainda mais quando temos o Paulo Guedes contando moeda no Brasil e o Trump passando cheque em branco.
2 - Eu estou considerando que o FeCr obedeça, dentro de uma média de ciclos, a inflação do dólar. Mas temos o exemplo de várias commodities onde isso não acontece. Isso pode não acontecer se surgirem (digamos, ao longo dos próximos 10 anos), grandes produtores a baixo custo. Como a operação da mina é subterrânea, tem custo mais alto, apesar da verticalização da empresa, vejo como uma fragilidade. As margens poderiam ser comprimidas no longo prazo. Mais uma vez, a saída que vejo para a empresa é o FeSi e investimentos em energia, p.e.
Acho que é isso, gosto de citar os pontos negativos pois realmente há muitos positivos. A parte administrativa é muita enxuta, a operação realmente foi pensada de uma maneira bem ampla, com minas de quartzo, produção de carvão vegetal. Falta talvez diminuir essa ociosidade, mas isso não cabe a empresa.
Cheguei com um bom grau de confiança em um valor justo de 28,30 por ação (R$ 2.408 milhões), o que dá um bom upside e ainda tem a vantagem de ser uma pagadora regular de dividendos.