Macroeconomia

Tenho analisado alguns documentos sobre o acordo comercial entre a UE e o Mercosul e, sinceramente, estou com sérias dúvidas. Parece absurdo a existência de um acordo desse tipo. Se for para criticar, a UE está sendo ainda mais míope do que nós ao rejeitar e protestar contra o acordo, nós estamos simplesmente perdidos por sequer considerá-lo.

Se tirarmos a parte agrícola (que é o que está travando o acordo para eles), o que sobra?

Basicamente, estamos sendo avaliados apenas pelas nossas matérias-primas: alumínio, grafite, nióbio, manganês, vanádio, tântalo, lítio… E o grande argumento de venda é que teremos tarifas menores para exportar esses produtos. Em troca, eles podem nos vender produtos acabados com tarifas reduzidas, evitando que o preço final suba numa escalada. Agora é bom não esquecer que a UE subsidia pesadamente suas indústrias. Eles compensam toda a burocracia de classe mundial com subsídios: Airbus, Siemens, VW, agricultores, produção de baterias, defesa… e a lista continua.

Agora, o acordo supostamente elimina tarifas de exportação por completo. A Argentina, por exemplo, depende bastante dessas tarifas (o que não é exatamente inteligente), mas Milei tem reduzido elas gradualmente. Enquanto isso, há poucos dias, o presidente brasileiro estava falando em impor tarifas de exportação para controlar os preços dos alimentos. Ele voltou atrás, mas será que ele sequer leu o acordo que fez primeiro?

E então chegamos às cláusulas ambientais e regulatórias, basicamente um monte de pegadinhas para o Mercosul. A UE quer acesso irrestrito a matérias-primas na Amazônia, mas ao mesmo tempo, não quer que toquemos na floresta nem um centímetro. Basicamente ao invés de aumentar a produção, iríamos redirecionar o fluxo do comércio.

E tem isso aqui:

EU SPS STANDARDS ARE NOT NEGOTIABLE.
OS PADRÕES SANITÁRIOS E FITOSSANITÁRIOS DA UE NÃO SÃO NEGOCIÁVEIS.

Vamos analisar isso em um contexto mais amplo. O Brasil exporta US$ 10 bilhões em carne para a China, pouco menos de US$ 1 bilhão para os EUA e mal passa de meio bilhão para a UE.

Já atendemos tranquilamente às regulamentações dos EUA e da China. Mas para vender para a UE, precisaríamos nos adequar aos padrões deles, o que acabaria forçando essas mesmas regras em todas as nossas exportações.

Não dá para controlar isso. Ou seguimos os padrões da UE para todos os mercados, ou nada feito. Isso significa que precisaríamos atender aos requisitos europeus para vender para a China também, com custos mais altos e burocracia desnecessária. E adivinha? A China é um mercado 10 vezes mais importante e mais lucrativo para nós.

No fim das contas, parece que estamos sendo presos ao mesmo velho papel: exportadores de matérias-primas, enquanto os produtos sofisticados da UE destroem o que resta da nossa indústria.

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Alguma coisa diferente do que tem acontecido nos últimos 500 anos?

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O negócio com a União Européia é absolutamente ridículo. Um acordo de livre comércio, porteira aberta com os EUA seria mais fácil e mais recíproco para ambos os países. Quem tiver interesse, este abaixo é um dos grandes exemplos:

Aviso: não é a China, a China é mais livre.

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O volume de US$ 30,531 bilhões em exportações foi o maior valor para um mês de setembro na série histórica.

A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 2,99 bilhões em setembro, com uma soma de US$ 27,541 bilhões em importações e de US$ 30,531 bilhões em exportações. Foi o maior valor exportado para um mês de setembro na série histórica. Os dados da balança comercial foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) nesta segunda-feira (6).

O resultado da balança comercial veio acima de expectativas de economistas consultados em pesquisa da Reuters, que estimou superávit de US$2,650 bilhões para o mês. O MDIC revisou assim suas projeções para a balança comercial neste ano, aumentando sua previsão de saldo para um superávit de US$60,9 bilhões. Em julho, o MDIC previa superávit de US$50,4 bilhões para este ano. Em 2024, o superávit foi de US$74,2 bilhões.

Foi o primeiro mês que se iniciou e terminou com o tarifaço dos Estados Unidos já em vigor, e as exportações para o país sofreram uma retração significativa de 20,3% na comparação com 2024. A taxa de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump entrou em vigor no dia 6 de agosto e, no primeiro mês após a medida entrar em vigor, as exportações do Brasil ao país haviam caído 18,5%.

Na outra ponta, as exportações para diversos outros parceiros cresceram, sobretudo na Ásia, com aumento de 133,1% ou US$ 0,5 bilhões nas embarcações para Singapura; de 124,1% ou US$ 0,4 bilhões para a Índia; 80,6% ou US$ 0,1 bilhões para Bangladesh; 60,4% ou US$ 0,1 bilhões para a Filipinas e 14,9% ou US$ 1,1 bilhões para a China.

As vendas brasileiras para a América do Sul também cresceram, com alta de 29,3% e a Argentina como destaque na região, com aumentou de 24,9% em suas compras. Para a União Europeia, o crescimento de exportações foi de 2%.

Itens exportados

O destaque do mês foi uma recuperação do setor do agronegócio. O setor cresceu 18,0% em valor em comparação com setembro de 2024, atingindo US$ 6,7 bilhões em exportações. Com isso, sua participação no total exportado pelo país subiu de 20,0% para 22,0%.

A carne bovina liderou os ganhos, com um salto de 55,6% nas vendas, o que representou um aumento de US$ 0,63 bilhão. O milho registrou alta de 22,5%, com um faturamento adicional de US$ 0,28 bilhão. Já as exportações de soja cresceram 20,2%, um aumento de US$ 0,52 bilhão.

Fora da agropecuária, houve destaque para os veículos automóveis de passageiros, que tiveram um crescimento expressivo de 50,0%, adicionando US$ 0,23 bilhão à balança.

Exportações recordes em mês de grandes importações

Já as importações no mês tiveram um aumento de 17,7% em relação a 2024 impulsionado sobretudo por um item específico: um crescimento extraordinário de 14.669,5% em “Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes”. O total passou de US$ 16 milhões em setembro de 2024 para US$ 2,375 bilhões no mesmo mês de 2025. O motivo foi a compra de uma plataforma de petróleo de Singapura por uma empresa que opera no Brasil.

Em fevereiro, o dado de importações já havia sido impactado por uma movimentação parecida, quando a compra de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 2,7 bilhões acabou por levar a balança comercial do mês a registrar um valor negativo.

Neste mês, com o valor recorde de exportações, o resultado da balança comercial conseguiu se manter positivo.

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