Estou mais como observador no tópico, já que a maior parte da minha carteira não é em termos brasilianos de small caps. Acho que as menores são PARD e RANI, que vão indo bem. Mas tenho apanhado em algumas das grandes, BRFS provavelmente é o melhor exemplo. Mas a parte isso, tenho procurado observar nossos fundamentos e algumas coisas parecem andar na contramão:
Por exemplo, o aumento da inflação e dos juros diminuiu a demanda por residências, por outro lado, o impacto foi pequeno e, pasmem, os juros habitacionais continuam em tendência de baixa, chegando a uma média de 10,5%. Eu mesmo liguei no Bradesco por curiosidade e me ofereceram 9,15%.
O que ficou pior? Principalmente aquela grande leva de comprar bonds no exterior e revender debêntures indexadas aqui parece que acabou. Mas se isso é ruim para quem capta. É bom para quem compra equity. Já podemos praticamente equiparar a inflação do Brasil com a dos EUA, pelo menos no curto prazo. E o spread dos juros aponta para uma inversão. Em termos mais técnicos, com o diferencial de inflação negativo, o custo do capital diminui e atrai investidores estrangeiros para nosso país.
Apesar do cálculo do IBGE não representar muita coisa. O desemprego finalmente ficou abaixo de 10%. Em outras palavras, maior renda, maior consumo das famílias, maior PIB. Da onde vem isso? Deve vir em parte sim do boom das commodities, mas começamos a ver um movimento mais estrutural alavancando o consumo. Alias, endividamento das famílias é baixíssimo no Brasil. Faço o paralelo com guns paises europeus que possuem alto endividamento público mas pouco privado, e índice de desemprego semelhante… bom, porque eles tem o guarda-chuva do Euro não se vê juros maiores que 3%. Mas de novo me pergunto, em cenário de inflação global, para o investidor, isso é bom ou ruim?
A safra desse ano deve vir um pouco abaixo da última, na verdade cerca de 20%, em parte porque está faltando cloreto de potássio, em parte porque a China revisou em 10% suas importações mas é uma comparação que foi recorde, isso no que diz respeito a soja, duvido que a safra americana consiga surfar os nossos preços. O lado positivo para quem está em proteína animal, é que dá margem para o crushing spread das esmagadoras, o que deve refletir num farelo mais barato. O que acredito que deve vir muito forte é a safrinha de milho. Os preços vieram de 100 para 80 do plantio até agora já no fim da safra. O frango, e aí minha esperança na BRF, fez o movimento inverso, saindo de 6 para 8. Agora vou sentar e esperar as travas irem caindo e o resultado voltando ao positivo.
Ademais, nem vou comentar petróleo e petroquímicos, porque quem comprou está jantando no Fasano e não deve ler.
Se sobrasse capital para mim hoje, provavelmente focaria em setores mais avançados na cadeia de produção. Ou e de transformação, mas focando em algo mais acabado, não temos muitas… ou serviços, e aí entra desde varejo a atacado, transporte etc. Olhando num horizonte médio, vejo uma distorção do Brasil com resto do mundo, principalmente no que diz respeito a inflação. E aí ou o mundo reage aumentando os juros ou vai all in nessa aposta de controle monetária injetando liquidez. Em qualquer cenário, você tem Real forte, inflação igual ou abaixo da média mundial, e PIB avançando na casa dos 3% ao ano. Se fosse para pegar uma empresa e estudar mesmo, acho que seria a hora de reviver PTBL.