Achei uma boa:
A operação que deve levar a Ambipar à Nyse
Companhia levanta US$ 168 milhões para deslanchar negócio de resposta a acidentes ambientais nos Estados Unidos
A Ambipar está levantando US$ 168 milhões para financiar o plano de crescimento da Response, sua unidade de prevenção de acidentes e atendimentos a emergências ambientais, numa operação que culminará com a listagem desse negócio na Bolsa de Nova York.
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Num mercado praticamente fechado para IPOs, a capitalização da Response tem uma engenharia financeira complexa.
Ela se apoia na fusão com o HPX, um SPAC listado na Nasdaq há dois anos pelos brasileiros Rodrigo Xavier, ex-Bank of America e BTG, Bernardo Hees, que foi CEO da Kraft Heinz nos Estados Unidos, e Carlos Piani, que foi CEO da Equatorial Energia e também passou pela Heinz, no Canadá.
Os SPACs são fundos de cheque em branco: captam dinheiro para perseguir aquisições em setores ou geografias específicas. O HPX levantou US$ 253 milhões em julho de 2020.
Mas, com a virada do mercado e maior aversão ao risco afastando os investidores de ações, fazer com que seus acionistas aprovem em assembleia o aporte de seu capital nessa transação ficou mais difícil.
Com isso, Ambipar e HPX foram atrás de novos investidores que garantirão um aporte mínimo na Response. A maior parte dos US$ 168 milhões virá de uma leva de gestoras brasileiras liderada pelo Opportunity e da qual fazem parte a Constellation e a XP Asset.
A própria Ambipar Participações, controladora da Response e listada em bolsa, entrará com US$ 50 milhões na forma de uma dívida que será convertida em participação no negócio de emergência.
Se os acionistas da HPX toparem aportar parte do capital já comprometido em ações da Response, o aporte pode chegar a até US$ 415 milhões (um cenário que, por ora, é considerado pouco provável). A assembleia da HPX para aprovar a transação deve ocorrer entre agosto e setembro deste ano.
No cenário de aporte mínimo, de US$ 168 milhões, a Ambipar Participações ficaria com 71,8% da Response, os novos investidores, com 24,7%, e os patrocinadores do SPAC, com 3,5%.
A transação avaliou a Response inicialmente em R$ 2,9 bilhões – mais que os R$ 2,6 bilhões que a Ambipar inteira, incluindo também o negócio de Enviroment, valia ontem na bolsa.
Com a queda generalizada da bolsa, que castigou principalmente as empresas de menor porte, os papéis da companhia acumulam desvalorização de mais de 40% no ano.
Hoje, as ações sobem 9,5%. “A transação é complexa, ninguém entendeu 100%”, diz um gestor que acompanha de perto a companhia. “É o tipo de negócio que vai demorar um tempo para ser digerido.”
Conquistando os EUA
O dinheiro levantado na transação deve ajudar a Response a perseguir sua agenda de fusões e aquisições para crescer no mercado americano – uma tese que a Ambipar vende desde o seu IPO, em meados de 2020.
A ideia é repetir nos Estados Unidos o mesmo modelo que tem sido vitorioso no Brasil. Principal consolidadora de um mercado altamente pulverizado, a Ambipar tem hoje mais de 60% de market share na resposta a acidentes ambientais no país.
O negócio da empresa envolve desde a remediação de grandes desastres, como o de Brumadinho da Vale ou um vazamento de petróleo em alto mar, até treinamentos para prevenção e ocorrências mais corriqueiras, como o tombamento de uma carreta com produtos perigosos nas estradas.
Na sua estratégia de M&A, a companhia mira tanto geografias quanto competências complementares, trazendo expertise em setores que não domina. Um dos pulos do gato está na forma como a Ambipar consegue padronizar os serviços e ganhar escala, diluindo custos.
Além da captação inicial, a listagem nos Estados Unidos dá acesso a um mercado com custo de capital menor e uma potencial moeda de troca na forma de ações para transações maiores.
“A gente encerrou uma primeira fase de aquisições estratégicas menores. O nosso pipeline hoje está em ativos fora do Brasil, de maior porte”, afirmou em teleconferência Yuri Keiserman, que vinha tocando a área de M&A da Response e que assumirá como CEO da nova empresa quando a transação for concluída.
Estados Unidos, Canadá e, “em menor grau”, Reino Unido estão entre os principais alvos.